domingo, 25 de abril de 2010

Desenvolvimento humano versus crescimento econômico [PARTE 3]: relações com os royalties do pré-sal.

 Na postagem anterior, mostrei um gráfico relacionando PID per capita e IDH de diversos países. Li mais tarde no Globonews.com que o FMI revisou para cima a previsão de crescimento do Brasil para 2010. Neste mesmo relatório, o FMI alerta que "o país precisa suspender as políticas de estímulo à economia, que podem acabar provocando um superaquecimento interno". Este alerta confirmou o que foi dito aqui e que, no fundo, todo mundo sabe: o país precisa frear o crescimento econômico não sustentado e canalizar investimentos na melhoria do desenvolvimento humano. Isto confirma, ainda, a virada na curva PIDxIDH mostrado. Na postagem, comentei que esta virada passa por um aumento no IDH do país para valores acima de 0,87.

 Alguns estados da federação possuem IDH acima deste patamar: Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul. O gráfico abaixo mostra a relação do PIB per capita com o IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal). O IFDM é um índice baseado no IDH só que mais adaptado à realidade dos municípios brasileiros.

 Os estados com IDH - consequentemente IFDM - mais alto, a corrente DH-CE está mais expressiva, enquanto que nos estado mais pobres, a corrente CE-DH ainda é mais importante. Desta forma, os investimentos em DH concentrado nos estados mais pobres da federação se faz necessário para elevar a média nacional acima dos 0,87, comentado anteriormente.

 Pois bem, a desigualdade social é um dos fatores que afetam indiretamente o IDH do país. Dificilmente o Brasil vai subir na escala de desenvolvimento mundial, alavancado pelas riquezas de Sul e Sudeste, enquanto Norte e Nordeste permanecerem pouco desenvolvidos.

 Recentemente, uma discussão em relação ao destino dos royalties pagos pela exploração do petróleo do pré-sal. Os estados produtores, principalmente Rio de Janeiro, reivindicam estes recursos. A exploração do petróleo do pré-sal pode ser uma das principais fontes de riqueza do país nas próximas décadas. Não tenho interesse de levantar discussões políticas sobre o assunto. Mas fica claro que o direcionamento destes recursos para estados que já apresentam um alto PIB - consequentemente alto IDH - pode trazer benefícios imediatos para o estado. No entanto, o desenvolvimento do país depende de um desenvolvimento igualitário entre todos os estados, desde que o IDH do país é composto pela média ponderada dos mesmos. Ou seja, em um primeiro momento, os estados produtores podem se beneficiar dos royalties do pré-sal. No entanto, a médio e longo prazos, o desenvolvimento desigual da nação acabará por atravancar o desenvolvimento de todos os estados, inclusive os produtores de petróleo.  Fica a discussão para que possamos olhar a situação de uma ótica mais de longo prazo.

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