O trabalho original, conduzido pela Monsanto foi feito com 1.200 ratos alimentados com três variedades geneticamente modificadas de milho - NK 603, MON 810 e MON 863 - por 90 dias. NK 603 apresenta resistência ao inseticida glifosato (Roundup), produzido pela Monsanto, enquanto MON 810 e MON 863 produzem uma proteína com efeito inseticida.
Apesar deste ser o maior estudo reportando o efeito de alimentos GM em mamíferos já publicado integralmente, surpreende que, apesar do grande número de ratos no estudo, cada amostra diferente consiste de apenas 10 animais. Este pequeno número de indivíduos em cada condição amostral faz com que haja uma enorme incerteza estatística relacionada aos resultados publicados anteriormente pela Monsanto. Os autores deste novo trabalho comentam que os testes realizados pela Monsanto não foram adequados para este número amostral, induzindo uma interpretação errônea dos dados. Segundo os autores, este novo trabalho - isento - faz análises estatísticas mais adequadas ao número amostral e analisa parâmetros negligenciados pela pesquisa original da Monsanto, como variação de efeito nos diferentes sexos, por exemplo.
No conjunto original de dados, diversos parâmetros deixaram de ser medidos, como marcadores específicos de hepatotoxicidade. Como os dados originais foram produzidos pela Monsanto, os autores deste novo trabalho não souberam informar o motivo destes importantes marcadores não terem sido medidos.
Esta nova análise sugeriu a ocorrência de lesão hepática e renal associada ao consumo dos três milhos GM da Monsanto, resultado que não havia sido confirmado anteriormente pela análise da Monsanto. Os autores advertem que esta nova análise não é uma "prova da toxicidade" dos milhos GM da Monsanto mas sim um "sinal de toxicidade". Isso porque os dados apresentam diversas falhas a notar: 1, os experimentos foram conduzidos somente uma vez e em somente uma espécie - no caso, o rato; 2, os experimentos foram conduzidos por pouco tempo - 90 dias - eliminando a possibilidade de detecção de doenças de longo desenvolvimento, como câncer; 3, o número reduzido de animais envolvidos em cada condição testada - somente dez - não permite uma análise estatística com alta confiabilidade. Os autores sugerem que trabalhos similares sejam conduzidos por, pelo menos, dois anos e em, pelo menos, três espécies diferentes antes que qualquer alimento GM seja liberado para consumo humano.
Ainda segundo os autores, os efeitos tóxicos apresentados provavelmente estão relacionados à presença residual dos inseticidas utilizados - Roundup - nos milhos. Além disso, como cada alimento GM é elaborado com metodologia e características genéticas distintas, cada um deve ser testado separadamente e resultados de um alimento GM não podem, de forma alguma, ser extrapolados para outros.
O milho MON 810 e NK 603 já tiveram sua comercialização liberadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio - e devem estar em breve, se já não estão, nas mesas dos brasileiros.
Ainda é cedo para saber os efeitos deste artigo nas ações da Monsanto na bolsa de Nova Iorque (NYSE) mas o fato é que desde o dia 10 de dezembro, as ações da Monsanto caíram quase 3%, enquanto o NYSEI, índice geral da NYSE, subiu mais de 1%. Veja no gráfico abaixo:

Uma defasagem de mais de 4% no período. Vamos aguardar para ver se os efeitos desta nova informação serão tão devastadores assim...

A figura ao lado mostra de forma esquemática os níveis de testosterona em machos mamíferos baseado em diversos trabalhos. Reparem que os níveis de testosterona dos pais após o nascimento do bebê é menor quando comparado a machos solteiros mas não quando comparados a machos comprometidos sem filhos. Os seja, não é a paternidade que reduz os níveis de testosterona na maioria dos mamíferos machos, mas o envolvimento em um relacionamento estável. Isso é óbvio, segundo os autores, pois a testosterona estimula o macho a buscar parceiras. Uma vez já estando envolvido com uma parceira,não há necessidade deste hormônio estar aumentado.
Quadro f - em machos no início e final da gestação (early- e late-prenatal) e após 3 ou 7 semanas após o parto (early- e late-postnatal). Este experimento, feito com diversos casais canadenses, mostra que os níveis de testosterona sobem pouco antes do parto, caem logo após o parto e se restabelecem algumas semanas depois. Como a figura do outro artigo, esta mostra não haver diferenças significativas entre homens casados sem ou com filhos.
Esta próxima figura mostra os níveis de testosterona e cortisol destes mesmos pais canadense antes e depois deles ninarem um boneco de pano enquanto ouviam uma gravação com choro de bebê. Parece estranho mas este é um modelo da chamada resposta Situacional, na qual se avalia a resposta dos pais à necessidade de cuidado do bebê. O experimento mostra que o maior aumento causado pelo estímulo do cuidar ocorre justamente nas primeiras semanas após o parto, quando os níveis de testosterona estão mais baixos, assim como a queda no cortisol.



