Saiu recentemente um artigo na Folha On line, copiando o jornal inglês The Daily Telegraph que uma pesquisa supervisionada pela O.M.S. teria relacionado o uso de celulares com diversos tipos de câncer. A pesquisa teria sido conduzida pela professora Elisabeth Cardis, do Centro de Pesquisa em Epidemiologia Ambiental (Creal) de Barcelona. É preciso notar que o The Daily Telegraph não é um periódico científico mas sim um tablóide. Errou a Folha ao dizer que os dados preliminares foram publicados neste jornal, já que não é um veículo de publicação de resultados mas sim de divulgação de artigos publicados em periódicos científicos.
O artigo original se trata de um editorial e não uma revisão e foi publicado na revista Occupational and Environmental Medicine.
Radiação eletromagnética em alta intensidade gera aquecimento. Esta técnica é, inclusive, utilizada em tratamentos médicos. O efeito termogênico das radiações eletromagnéticas é conhecido e deletério para a saúde, no entanto, a intensidade de radiação para gerar calor é muito - mas muito mesmo - maior que as emitidas por aparelhos telefônicos sem fio, celulares e redes wireless.
Fazendo uma busca na literatura científica, encontrei diversos artigos estudando o assunto. Foram tantos que selecionei algumas revisões, que analisam esses artigos e emitem uma conclusão científica mais completa do estado da arte. Um deles (Hours et al, 2007) é coordenado pela própria Profa. Cardis. Seguem abaixo alguns trecho para que os leitores mesmos tirem as conclusões. Seguem os links para cada artigo:
"Many of the positive studies may well be due to thermal exposures, but a few studies suggest that biological effects can be seen at low levels of exposure. Overall, however, the evidence for low-level genotoxic effects is very weak." Verschaeve et al., 2010.
"In conclusion, no co-genotoxic effect of radiofrequency was found at levels of exposure that did not induce heating." Perrin et al., 2010.
"...there is only weak evidence for a relationship between RFE and any endpoint studied (related to the topics above), thus providing at present no sufficient foundation for establishing RFE as a health hazard" Jauchem, 2008.
"No significant increased risk for glioma, meningioma or neuroma was observed among cell phone users participating in Interphone." Hours et al., 2007.
Antes de criar qualquer tipo de alarde, eu prefiro esperar resultados mais confiáveis.